Em Portugal, fazem-se muitas homenagens póstumas (e não só) e Santa Clara não foge à regra. Este post pretende ser uma “homenagem póstuma” a duas peças do nosso património “identitário” que foram brutalmente assassinadas pelo progresso e ignorância.
Não sei se se lembram de uma “ponta delgada de basalto negro” que se situava “atrás do calhau”, perto do farol, que deu nome à nossa cidade. Foi durante anos coberta de entulho e os santaclarenses ajudaram. Quem nunca lá foi colocar um fogão velho ou uma cama a apodrecer? Quisemos matar a nossa identidade e conseguimos.
Outro atentado foi a “morte assistida” da nossa araucária, plantada em frente à igreja. “Era um perigo para os transeuntes, pois estava doente”. Foi essa a desculpa da nossa Câmara Municipal para deitar abaixo aquela que todos os dias nos cumprimentava pela manhã, desejando-nos um bom dia e nos recebia, à noite, “de ramos abertos”. Doentes estão aqueles que a mandaram derrubar. Como é que se pode matar assim a identidade das nossas gentes? Mas, nós temos culpa, uns porque não informaram os menos esclarecidos, outros porque concordaram que o progresso fosse construído com muito betão e tijolo. Nota-se assim uma clivagem entre o passado e o presente. Será que não percebem que um povo que esquece as suas raízes, as suas tradições, os seus monumentos, … não pode progredir saudavelmente? Espero sinceramente que quem de direito tenha isso em conta, pois se não se pode remediar os erros do passado, pode ser-se inteligente o suficiente para não os repetir! O lema deverá ser: “de cabeça no futuro, com o coração no passado”. Santa Clara só progredirá, no dia em que os seus habitantes forem pessoas esclarecidas. Não basta deixar de ser um lugar, para passar a ser freguesia. Urge informar para que não se destrua o pouco património que nos resta.
Têm "chovido" algumas fotografias no nosso e-mail: duas cedidas pelo JPM e uma por alguém que não se quis identificar:
|