As últimas semanas têm sido “ricas” em publicidade nos órgãos de comunicação social, nomeadamente nos jornais, acerca dos 120 dias de governação do executivo camarário de Ponta Delgada. Muita obra “assobiada aos quatro ventos” mas, como por aqui já se disse, nenhuma em Santa Clara.
Porém, e apesar de não haver obra, irão ser inauguradas, já na próxima 2ª feira (3 de Abril), duas “novas” toponímias em Santa Clara:
- Rua D. Emanuel Afonso de Carvalho (onde estão instalados alguns armazéns e que existe há vários anos para os lados da Cerca);
- Rua Baden Powel (vulgo prolongamento – pavimento - Santa Clara-Relva, já inaugurado há largos meses).
Com os recentes e infelizes acontecimentos – desabamento de terras na costa de Santa Clara, que limita o referido prolongamento – sou obrigada a fazer aqui um parêntese. É inconcebível, numa zona onde foram efectuadas obras de fundo há poucos meses, acontecer uma situação destas, pondo em risco a segurança daqueles que por ali transitam e residem. Mas, mais inconcebível ainda é querer lavar as mãos da situação, colocando a culpa em terceiros:
- se o local não oferecia condições (a ausência de um molhe de protecção, supostamente da responsabilidade do GR, inadmissível também), então não se tinham prosseguido com as obras;
- se as condições meteorológicas, nomeadamente vento e ondulação das direcções oeste e sudoeste, provocam normalmente desabamentos na costa, esta é mais uma razão para a obra não ter prosseguido sem os devidos cuidados, uma vez que este tipo de situação meteorológica é muito frequente no nosso arquipélago;
- se este é um problema que remonta ao tempo em que se procedeu ao aumento da pista do aeroporto (com as explosões operadas), porquê falar nele agora. Na altura, ninguém se preocupou com a segurança dos santaclarenses.
Já agora, por que não proceder, primeiro, às obras, que colocarão em segurança a via litoral Santa Clara-Relva, e então depois (re)inaugurar a via e a respectiva toponímia?
No entanto, “há males que vêm por bem”, e o GR afirmou que irá realojar as famílias que residem na Cerca em habitações “plantadas” sobre a costa. Espero que seja mesmo assim! Como diz o povo: “casa roubada, trancas à porta”, felizmente nenhuma vida humana foi posta em causa.
PORQUÊ SÓ AGORA? EM QUE CONTEXTO?
Novas toponímias estão a ser inauguradas também noutras freguesias. Não sei se dizem respeito a obra efectivamente feita. O que sei é que, aqui em Santa Clara, estas e outras toponímias (lembro-me por exemplo do Caminho Velho do Ramalho ou da Canadá do Bom Sucesso) já poderiam há muito ter sido inauguradas, em mandatos anteriores até. No entanto, dá sempre jeito deixar uma ou outra coisita por inaugurar. Assim, o cidadão mais distraído fica com a ideia de que um grande volume de obra foi feita – o que neste caso não passa de umas simples duas placas.
Ou será que, e já a antever uma “mega” inauguração da repavimentação da Avenida Príncipe do Mónaco (como diz o povo “tarde é o que nunca chega”), por parte do Governo Regional, o executivo camarário sentiu necessidade de também “cortar umas fitas” aqui para os nossos lados?
P.S. É a primeira vez que escrevo um post assim em que os factos se vão intercalando na escrita. O título inicial seria “Até parece peta” mas parece que a peta se tornou séria. O desabamento da costa pôs a nu o modo como algumas obras são feitas na nossa terra: “quem vê caras, não vê corações” e dois quilómetros de asfalto podem esconder muita terra instável e descobrir situações problemáticas com décadas de existência, que o fervor e a mediatização da obra feita atropelam.
Este é mais um exemplo do “ostracismo a que Santa Clara foi votada durante décadas”. Muitos foram os que provaram o gosto do poder e fecharam os olhos a esta situação. Será que ainda é tempo de a reverter? Mais vale reconhecer o erro do que mantê-lo, pondo em risco a segurança das pessoas.
quinta-feira, março 30, 2006
Começa a desabar?
Publicada por Anónimo à(s) 2:23 da tarde
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