domingo, novembro 08, 2009

A tomada de posse, e a “cooperação”, quando dá jeito.



Depois de uma renhida campanha eleitoral, onde o principal adversário (até pela fragilidade desde cedo patenteada) nunca foi a lista que apesar de antecipadamente cantar vitória muito pouco soube fazer para tal, mas sim, por trás dela, uma super estrutura aquartelada na Câmara Municipal de Ponta Delgada, revestia-se de especial interesse assistir à tomada de posse do Presidente da Junta de Freguesia de Santa Clara, eleito, tal como a sua equipa, na lista do Grupo de Cidadãos “Santa Clara – Vida Nova”, ali representando todos os santaclarenses, e para além deles, uma forma diferente, bem sucedida e já com provas dadas, do exercício de cidadania.

Não fora o discurso final, mais a pensar “noutras guerras” do que na que acabara de ser travada, onde algumas das suas passagens, impregnadas de hipocrisia política, ricocheteavam com vigor e precisão na direcção de quem as proferia, tudo tinha corrido “às mil maravilhas”, e nem ali Santa Clara seria lembrada tantas vezes.

Lembrou Santa Clara quando se ouviu:

Exercemos a responsabilidade institucional num quadro de cooperação, que abrimos indistintamente a todos os outros poderes (…) uma cooperação verdadeira, bem-intencionada e mutuamente vantajosa, que salvaguarde a autonomia e respeite as competências de cada um. (…) A cooperação não é um discurso. É uma prática. Sempre o disse e reafirmo: cooperação não é submissão”.

E lembrou Santa Clara porque logo ocorreu o muito que em Santa Clara ficou por fazer, estrategicamente adiado, ou pura e simplesmente ignorado, para amesquinhar o desempenho de quem foi legitimamente eleito, mas contra a vontade do poder dominante: Lembrou o Centro Cívico, mal gerido, desmazelado e ainda por terminar; lembrou a 2ª Rua de Santa Clara, cuja requalificação foi incluída várias vezes no plano municipal e outras tantas adiadas; lembrou a derrocada da Nordela e as boas intenções prontamente anunciadas, mas que nunca foram além dos bidões lá colocados.

Lembrou Santa Clara quando se ouviu:

“ (…) a cooperação não se faz de cima para baixo. Faz-se lado a lado…a favor de terceiros”. (…) a cooperação não é um capricho partidário. É um imperativo institucional (…) que não depende da disposição dos políticos. Decorre da obrigação dos poderes, porque, estamos todos ao serviço das pessoas.”

E lembrou Santa Clara porque logo ocorreu que no pouco que foi feito pela CMPD em Santa Clara houve sempre a preocupação de marginalizar a Junta de Freguesia, pois assim, para além de se amesquinhar o desempenho de quem foi legitimamente eleito, ganhava-se também a possibilidade de abrir o caminho a quem lhes seguisse, servil e subservientemente, a troco de fazer mundos e fundos só para "mostrar obra": Lembrou um “triatro” construído em Santa Clara pela Junta de Freguesia de São José com o apoio da CMPD, à revelia da Junta de Freguesia de Santa Clara; lembrou o Centro Paroquial, que, fossem outras as circunstâncias, apareceria como tendo sido intermediado e apoiado pela Junta de Freguesia (faça-se a analogia com alguns dos apoios dados pela CMPD às festas da paróquia!).

Lembrou Santa Clara quando se ouviu:

“ (…) ninguém é dono do poder e muito menos dono de todos os poderes, porque em Democracia, não há poderes absolutos”.

E lembrou Santa Clara porque logo recordou as vezes que ouviu, porque assim lhes mandaram dizer, qualquer coisa como:

“se querem que Santa Clara se desenvolva votem PSD, porque só assim a CMPD ajudará Santa Clara”. “Quem não é da nossa cor está lixado!”.

Mas, em verdade, também lembrou Santa Clara quando ouviu:

“ (…) em nome dos superiores interesses do concelho a presidente da câmara trabalhará com as 24 Juntas de Freguesia”.

E lembrou Santa Clara porque é sabido que, se errar é humano, repetir um erro é burrice! Para mais quando se dá ênfase à forte expressão do eleitorado referindo os 17.000 votos obtidos (um incremento de pouco mais de 7%), quando, em Santa Clara, a expressão deste crescimento a favor de "Vida Nova" rondou os 1000%. A ver vamos.